Jesus o Bom Pastor

Jesus o Bom Pastor

08 setembro 2010

A presença real de Cristo na Eucaristia

A Igreja nunca duvidou dessa verdade
Desde que Jesus instituiu a EucaristiaPor ocasião da Solenidade de Corpus Christi – para falar sobre os milagres eucarísticos – o portal cancaonova.com entrevistou professor Felipe Aquino, pregador, escritor e apresentador do programa "Escola da Fé" na TV Canção Nova. Professor Felipe: O Papa João Paulo II dizia que a Eucaristia é o centro da vida da Igreja, porque na Eucaristia nós temos o próprio Cristo presente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Na Celebração da Eucaristia, nós temos a celebração do mistério da nossa fé, o mistério da redenção da humanidade, pois o Cristo veio para nos salvar, e Ele nos salva, sobretudo, na Eucaristia. O que nós chamamos de Santa Missa, é atualização do Santo Sacrifício de Nosso Senhor Cristo no Calvário, não é uma representação, e sim, a presentificação do único e eterno sacrifício de Cristo. Professor Felipe: É uma festa que surgiu há muito tempo, por volta do ano de 1263 nas cidades italianas de Orvieto e Bolsena. Aconteceu um milagre eucarístico em Bolsena e a relíquia do milagre foi levada para Orvieto. É uma festa que Jesus vinha pedindo a uma santa chamada Juliana de Mont Cornillon, pois, em suas orações e em suas visões, o Senhor lhe pedia que se solicitasse à Igreja esta festa litúrgica. Aconteceu que, nessa mesma época, houve um sacerdote que se chamava Pedro de Praga que, ao celebrar uma Missa na igreja de Santa Cristina, na cidade de Bolsena, durante a consagração, na elevação da hóstia, começou a pingar sangue desta sobre o corporal. Este sacerdote mandou comunicar ao Papa Urbano IV sobre o acontecido, pois o Sumo Pontífice estava na cidade vizinha de Orvieto e pediu que trouxessem o comprovante do milagre de Bolsena para Orvieto, em procissão. O bispo de Bolsena foi até Orvieto levando a relíquia e o povo foi atrás. Quando a procissão chegou a Orvieto, o Papa foi ao encontro da relíquia e usou exatamente estas palavras: “Corpus Christi”, ou seja, o Corpo de Cristo. A partir daí teve início toda esta solenidade; no ano de 1263. Nesse mesmo ano, o Santo Padre pediu a Santo Tomás de Aquino, em Orvieto na época, que fizesse o oficio da festa, oficializado pelo Pontífice na Bula de 11 de agosto de 1264, chamadaTransituru de Hoc Mundo. Nela ficava prescrito que, na primeira quinta-feira depois da oitava de Pentecostes (oito dias depois da festa de Pentecostes) fosse celebrada esta festividade.Há mais de 130 milagres eucarísticos espalhados pelo mundo"
Foto: Carlos Eduardo/CN


cancaonova.com: Dentre todos os milagres eucarísticos – que são muitos no mundo – quais podemos destacar como os mais conhecidos e os mais impressionantes?
Professor Felipe: Dados registram mais de 130 milagres eucarísticos espalhados pelo mundo, e mais da metade deles ocorridos na Itália. A Igreja tem até dificuldade de analisar todos. Nós sabemos que existem aqueles que são mais conhecidos, como por exemplo, o de Lanciano, o mais antigo, ocorrido por volta do ano 700, cuja comprovação histórica e científica é muito forte. Temos o de Orvieto, que falamos acima, o qual deu origem à Festa de Corpus Christi; temos o de Ferrara ,que foi por volta de 1171; o de Offida na Itália em 1273; o de Senna em 1330;  o de Turim 1453. Em Portugal também há um milagre famoso, o de Santarém em 1247, entre outros. Então me parece que existam por volta de 10 destes [milagres] aos quais a Igreja dá crédito.

cancaonova.com: Talvez o milagre que mais nos impressiona, por causa da sua característica visual, seja o de Lanciano. O que o senhor poderia falar sobre esse acontecimento extraordinário?

Sem dúvida, é o que mais nos impressiona. O milagre eucarístico de Lanciano aconteceu há mais de 12 séculos, por volta do ano 700. Os monges de São Basílio viviam no mosteiro de São Legoziano, entre eles um monge que passava por uma crise de fé na presença real de Jesus na Eucaristia. Numa certa manhã, este religioso foi celebrar a Santa Missa e, no momento da consagração, ele viu que a hóstia se transformou em carne viva e o vinho consagrado, que estava no cálice, se coagulou. Este milagre ficou guardado por muito tempo até que o Papa Paulo VI, em 1970, autorizou que especialistas italianos fizessem análises científicas bem criteriosas. Foram convidados os doutores Dr. Odoardo Linoli, chefe de serviço dos Hospitais Reunidos de Arezzo e Livre Docente de Anatomia e de Histologia Patológica e de Química e Microscopia Clínica e ao professor Ruggero Bertelli, emérito de Anatomia Humana na Universidade de Siena. Após os trabalhos de alguns meses de análise, exatamente no dia 4 de março de 1971, os pesquisadores publicaram um relatório com o ponto de vista científico concluindo que:
  • “A carne é carne verdadeira.
  • O sangue é sangue verdadeiro.
  • A carne é do tecido muscular do coração (contém, em seção, o miocárdio, endocárdio, o nervo vago e, no considerável espessor do miocárdio, o ventrículo cardíaco esquerdo).
  • A carne e o sangue são mesmo tipo sanguíneo (AB) e pertencem à espécie humana.
  • No sangue foram encontrados, além das proteínas normais, os minerais cloreto, fósforo, magnésio, potássio, sódio e cálcio. As proteínas observadas no sangue foram encontradas normalmente fracionadas em percentagem a respeito da situação seroproteínica do sangue vivo normal. Ou seja, é sangue de uma pessoa viva.
  • A conservação da carne e do sangue, deixados em estado natural por doze séculos e expostos à ação de agentes físicos, atmosféricos e biológicos constitui um fenômeno extraordinário.”
Isso é interessante porque a relíquia não fica guardada em geladeira, ela fica num relicário, num ambiente normal de temperatura e pressão, ou seja, qualquer carne e qualquer sangue entrariam em estado de decomposição em pouco tempo, e estamos diante de um fenômeno que aconteceu há 1.200 anos. 
  na Santa Ceia, a Igreja nunca cessou de celebrá-la, crendo firmemente na presença do Senhor na Hóstia consagrada pelo sacerdote legitimamente ordenado pela Igreja. Nunca a Igreja duvidou da presença real do Corpo, Sangue, Alma e Divindade do Senhor na Eucaristia. Desde os primeiros séculos os Padres da Igreja ensinaram esta grande verdade recebida dos Apóstolos.
Na Última Ceia, Jesus foi muito claro: “Isto é o meu corpo”. “Isto é o meu sangue” (Mt 26,26-28). Ele não falou de “símbolo”, nem de “sinal”, nem de “lembrança”. São Paulo atesta a presença do Senhor na Eucaristia quando afirma: “O cálice de benção, que bebemos, não é a comunhão do Sangue de Cristo? E o pão que partimos, não é a comunhão do Corpo de Cristo?” (1Cor 10,16).E o Apóstolo, que não estava na Última Ceia, recebeu esta certeza por revelação especial do Senhor a ele: “O Senhor Jesus, na noite em que foi entregue, tomou o pão e, dando graças, partiu-o e disse: Tomai e comei; isto é o meu corpo, que será entregue por vós; fazei isto em memória de mim. Igualmente também, depois de ter ceado, tomou o cálice e disse: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto em memória de mim todas as vezes que o beberdes”(1Cor 11,23-29).
Sem dúvida a Eucaristia é o maior e o mais belo milagre que o Senhor realizou e quis que fosse repetido a cada Missa, para que Ele pudesse estar entre nós, a fim de nos curar e nos alimentar. “A Eucaristia é ‘fonte e centro de toda a vida cristã’ (LG,11). Os restantes sacramentos, porém, assim como todos os ministérios eclesiásticos e obras de apostolado, estão vinculados com a Sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Com efeito, na santíssima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, nossa Páscoa” (PO,5 e CIC n.1324).
O Catecismo da Igreja nos garante que “Os milagres da multiplicação dos pães… prefiguram a superabundância deste pão único da Eucaristia” (CIC, n.1335). Tudo o que foi dito até aqui está baseado principalmente nas próprias palavras de Jesus, naquele memorável discurso sobre a Eucaristia, na sinagoga de Cafarnaum, que São João relatou com detalhes no capítulo 6 do seu Evangelho: “Eu sou o Pão vivo que desceu do céu… Quem comer deste Pão viverá eternamente; e o Pão que eu darei é a minha carne para a salvação do mundo… O que come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia… Porque a minha carne é verdadeiramente comida e o meu sangue é verdadeiramente bebida.”
Não há como interpretar de modo diferente estas palavras, senão admitindo a presença real e maravilhosa do Senhor na Hóstia sagrada. Lamentavelmente a Cruz e a Eucaristia foram e continuam a ser “pedra de tropeço” para os que não crêem, mas Jesus exigiu até o fim esta fé. Aos próprios Apóstolos ele disse: “Também vós quereis ir embora?” (Jo 6,67). Ao que Pedro responde na fé, não pela inteligência: “Senhor, a quem iremos, só Tu tens palavras de vida eterna”(68). Nunca Jesus exigiu tanto a fé dos Apóstolos como neste momento. E, se exigiu tanto, sem dar maiores esclarecimentos como sempre fazia, é porque os discípulos tinham entendido muito bem do que se tratava, bem como o povo que o deixou dizendo:”Estas palavras são insuportáveis? Quem as pode escutar?” (Jo 6,60).
Também para cada um de nós a Eucaristia será sempre uma prova de fogo para a nossa fé; mas, crendo na palavra do Senhor e no ensinamento da Igreja, seremos felizes. Quando Lutero pôs em dúvida a presença real e permanente do Senhor na Eucaristia, o Concílio de Trento (1545-1563) assim se expressou: “Porque Cristo, nosso Redentor, disse que o que Ele oferecia sob a espécie do pão era verdadeiramente o seu Corpo, sempre na Igreja se teve esta convicção que o sagrado Concílio de novo declara: pela consagração do pão e do vinho opera-se a conversão de toda a substância do pão na substância do Corpo de Cristo nosso Senhor, e de toda a substância do vinho na substância do seu Sangue; e esta mudança, a Igreja católica chama-lhe com justeza e exatidão, transubstanciação” (DS, 1642; CIC n.1376).
Acima de tudo é preciso recordar que a Igreja recebeu do Senhor o carisma da infalibilidade em termos de fé e de moral, a fim de não permitir que os seus filhos sejam enganados no caminho da salvação (cf. Jo 14,15.25; 16,12-13). Portanto, o que a Igreja garante há vinte séculos, jamais podemos duvidar, sob pena de estarmos duvidando do próprio Jesus.
Para auxiliar a nossa fraqueza, Deus permitiu que muitos milagres eucarísticos acontecessem entre nós: Lanciano (sec VIII), Ferrara (1171), Orvieto (1264), Offida (1273), Sena (1330 e 1730),Turim (1453), etc., que atestam ainda hoje o Corpo vivo do Senhor na Eucaristia, comprovado pela própria ciência. Há tempos, foi traçado na Europa um “mapa eucarístico”, que registra o local e a data de mais de 130 milagres, metade deles ocorridos na Itália.

ADORAÇÃO AO SANTISSIMO



No artigo “Let the Sun Shine” (Deixe o Sol brilhar) do reverendo Martin Lucia, ele conta uma história verídica sobre o valor e o zelo que devemos ter pela  sagrada Eucaristia.
Alguns meses antes de sua morte, o grande Bispo americano,  Fulton J. Sheen, foi entrevistado pela rede nacional de televisão: “Bispo Sheen, milhares de pessoas em todo o mundo inspiram-se em você. Em quem você se inspirou? Foi por acaso em algum Papa?”.

O Bispo Sheen respondeu que sua maior inspiração não foi um Papa, um Cardeal, ou outro Bispo, sequer um sacerdote ou freira. Foi uma menina chinesa de onze anos de idade. Explicou que quando os comunistas apoderaram-se da China, prenderam um sacerdote em sua própria reitoria, próximo à Igreja. O sacerdote observou assustado, de sua janela, como os comunistas invadiram o templo e dirigiram-se ao santuário. Cheios de ódio profanaram o tabernáculo, pegaram o cálice e, atirando-o ao chão, espalharam-se as hóstias consagradas.

Eram tempos de perseguição e o sacerdote sabia exatamente quantas hóstias havia no cálice: trinta e duas. Quando os comunistas retiraram-se, talvez não tivessem percebido, ou não prestaram atenção, a uma menininha, que rezando na parte detrás da igreja, viu tudo o que ocorreu. À noite, a pequena regressou e, escapando da guarda posta na reitoria, entrou no templo. Ali, fez uma hora santa de oração, um ato de amor para reparar o ato de ódio. Depois de sua hora santa, entrou no santuário, ajoelhou-se, e inclinando-se para frente, com sua língua recebeu Jesus na Sagrada Comunhão. (Naquele tempo não era permitido aos leigos tocar a Eucaristia com suas mãos).

A pequena continuou regressando a cada noite, fazendo sua hora santa e recebendo Jesus Eucarístico na língua. Na trigésima noite, depois de haver consumido a última hóstia, acidentalmente fez um barulho que despertou o guarda. Este correu atrás dela, agarrou-a, e golpeou-a até matá-la com a parte posterior de sua arma. Este ato de martírio heróico foi presenciado pelo sacerdote enquanto, profundamente abatido, olhava da janela de seu quarto convertido em cela.
Quando o Bispo Sheen escutou o relato, inspirou-se de tal maneira que prometeu a Deus que faria uma hora santa de oração diante de Jesus Sacramentado todos os dias, pelo resto de sua vida. Se aquela pequena pôde dar testemunho com sua vida da real e bela Presença do seu Salvador no Santíssimo Sacramento então, o bispo via-se obrigado ao mesmo. Seu único desejo desde então seria atrair o mundo ao Coração ardente de Jesus no Santíssimo Sacramento.

A pequena ensinou ao Bispo o verdadeiro valor e zelo que se deve ter pela Eucaristia; como a fé pode sobrepor-se a todo medo e como o verdadeiro amor a Jesus na Eucaristia deve transcender a própria vida. Uma das nossas maiores ingratidões para com Jesus é o abandono em que o deixamos em muitos dos nossos Sacrários. A Igreja o chama de “prisioneiro dos Sacrários”. Há dois mil anos Ele está ali.

Jesus eucarístico é o “amor dos amores”. Ele faz continuamente este milagre para poder cumprir a sua promessa: “Eis que estarei convosco todos os dias até o fim do mundo” (Mt 20,20). Do sacrário Ele nos chama continuamente:  “Vinde a mim vós todos que estais cansados e Eu vos aliviarei” (Mt 11,28). Ali Ele está, como no Céu, com os braços abertos e as mãos repletas de graças para aqueles que forem buscá-las com o coração aberto. São João Bosco dizia:

“Quereis que o Senhor vos dê muitas graças? Visitai-o muitas vezes. Quereis que Ele vos dê poucas graças? Visitai-o raramente. Quereis que o demônio vos assalte? Visitai raramente a Jesus Sacramentado. Quereis que o demônio fuja de vós ?  Visitai a Jesus muitas vezes. Não omitais nunca a visita ao Santíssimo Sacramento, ainda que seja muito breve, mas contanto que seja constante”.

Santo Afonso de Ligório, doutor da Igreja, disse:
“Os soberanos desta terra nem sempre, nem com facilidade concedem audiência; mas o Rei do céu, ao contrário, escondido debaixo dos véus eucarísticos, está pronto a receber qualquer um… Ficai certos de que de todos os instantes da vossa vida, o tempo que passardes diante do Divino Sacramento será o que vos dará mais força durante a vida, mais consolação na hora da morte e durante a eternidade”.

Na Encíclica “Ecclesia de Eucaristia”, o Papa João Paulo II chamou a atenção para a falta de adoração eucarística: “De fato, há lugares onde se verifica um abandono quase completo do culto de adoração eucarística.” (n. 10). Diante do Senhor no Sacrário podemos repetir muitas vezes aquela oração reparadora que o Anjo, em pessoa, ensinou às crianças em Fátima, nas aparições de Nossa Senhora, em 1917:

“Ó Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, eu vos adoro profundamente e vos ofereço o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido; e pelos méritos infinitos do seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-vos a conversão dos pobres pecadores. Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos; peço-Vos perdão pelos que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam. Amém!“

Podemos ter certeza que as chuvas de bênçãos descerão sobre a comunidade que adora continuamente a Jesus sacramentado. Os jovens serão preservados do mau caminho, os pecadores serão convertidos, o demônio afastado, as calamidades afugentadas, as vocações sacerdotais e religiosa aumentarão… Não é disto que estamos precisando?

A Igreja, desde o seu início, quis manter Jesus nos Sacrários da terra para ali ele ser amado, louvado e derramar sobre nós as suas bênçãos, e poder ser levado aos doentes. Sempre foi ao pé do Sacrário que os homens e mulheres de Deus buscaram forças e luzes para a sua caminhada. Foi ali que São João Vianney, conquistou o coração dos seus fiéis e se tornou o grande “Cura D’Ars”.

Quando, recém ordenado padre, ele chegou a Ars, e encontrou ali uma paróquia sem padre há muitos anos, e as pessoas longe de Deus; a primeira coisa que fez foi ajoelhar-se diante do Santíssimo durante horas, diariamente, e rezar o santo Rosário. Assim ele revolucionou aquele pequeno lugar e fez tantos prodígios.

EUCARISTIA NO CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO

      
Cânon 897 - Augustíssimo sacramento é a santíssima Eucaristia, na qual se contém, se oferece e se recebe o próprio Cristo Senhor e pela qual continuamente vive e cresce a Igreja. O Sacrifício eucarístico, memorial da morte e ressurreição do Senhor, em que se perpetua pelos séculos o Sacrifício da cruz, é o ápice e a fonte de todo o culto e da vida cristã, por ele é significada e se realiza a unidade do povo de Deus, e se completa a construção do Corpo de Cristo. Os outros sacramentos e todas as obras de apostolado da Igreja se relacionam intimamente com a santíssima Eucaristia e a ela se ordenam.

Cânon 899 - § 1. A celebração da Eucaristia é ação do próprio Cristo e da Igreja, na qual, pelo mistério do sacerdote, o Cristo Senhor, presente sob as espécies de pão e de vinho, se oferece a Deus Pai e se dá como alimento espiritual aos fiéis unidos à sua oblação.



Cânon 900 - § 1. Somente o sacerdote validamente ordenado é o ministro que, fazendo ás vezes de Cristo, é capaz de realizar o sacramento da Eucaristia.

Cânon 904 - Lembrando-se sempre que no mistério do Sacrifício eucarístico se exerce continuamente a obra da salvação, os sacerdotes celebrem freqüentemente; e mais, recomenda-se com insistência a celebração cotidiana, a qual, mesmo não se podendo ter presença de fiéis, é um ato de Cristo e da Igreja, em cuja realização os sacerdotes desempenham seu múnus principal.

Cânon 907 - Na celebração eucarística, não é lícito aos diáconos e leigos proferir as orações, especialmente a oração eucarística, ou executar as ações próprias do sacerdote celebrante.

Cânon 908 - É proibido aos sacerdotes católicos concelebrar a Eucaristia junto com sacerdotes ou ministros de Igrejas ou comunidades que não estão em plena comunhão com a Igreja Católica.

Cânon 913 - § 1. Para que a santíssima Eucaristia possa ser ministrada às crianças, requer-se que elas tenham suficiente conhecimento e cuidadosa preparação, de modo que, de acordo com sua capacidade, percebam o mistério de Cristo e possam receber o Corpo do Senhor com fé e devoção.
§ 2. Contudo, pode-se administrar a santíssima Eucaristia às crianças que estiverem em perigo de morte, se puderem discernir o Corpo de Cristo do alimento comum e receber a comunhão com reverência.

Cânon 916 - Quem está consciente de pecado grave não celebre a missa nem comungue o Corpo do Senhor, sem fazer antes a confissão sacramental, a não ser que exista causa grave e não haja oportunidade para se confessar; nesse caso, porém, lembre-se que é obrigado a fazer um ato de contrição perfeita, que inclui o propósito de se confessar quanto antes.

Cânon 917 - Quem já recebeu a santíssima Eucaristia pode recebê-la no mesmo dia, somente dentro da celebração eucarística em que participa, salva a prescrição do cânon 921 §2 (perigo de morte).
Nota: No mesmo dia, os fiéis podem receber a Sagrada Eucaristia só uma segunda vez. (Pontificia  Comissio Codici Iuris Canonici Authentici Interpretando, Responsa ad proposita dubia, 1: AAS 76 (1984) 746).

Cânon 918 - Recomenda-se sumamente que os fiéis recebam a sagrada comunhão na própria celebração eucarística; seja-lhes, contudo, administrada fora da missa quando a pedem por causa justa, observando-se os ritos litúrgicos.

Cânon 919 - § 1. Quem vai receber a sagrada Eucaristia abstenha-se de qualquer comida ou bebida, excetuando-se somente água e remédio, no espaço de ao menos uma hora antes da sagrada Comunhão. (exceção para pessoas idosas e enfermas e quem cuida delas, §3)

Cânon 920 - § 1. Todo fiel, depois que recebeu a sagrada Eucaristia pela primeira vez, tem a obrigação de receber a sagrada comunhão ao menos uma vez por ano.
§2. Esse preceito deve ser cumprido no período pascal, a não ser que, por justa causa, sejam confortados com a sagrada comunhão como viático.

Cânon 921- § 1. Os fiéis em perigo de morte, proveniente de qualquer causa, sejam confortados com a sagrada comunhão como viático.
§ 2. Mesmo que já tenham comungado nesse dia, recomenda-se vivamente que comunguem de novo aqueles que vierem a ficar em perigo de morte.
§ 3. Persistindo o perigo de morte, recomenda-se que seja administrada a eles a sagrada comunhão mais vezes em dias diferentes.

Cânon 844 - § 2. Sempre que a necessidade o exigir ou verdadeira utilidade espiritual o aconselhar, e contanto que se evite o perigo de erro ou indiferentismo, é lícito aos fiéis, a quem for física ou moralmente impossível dirigir-se a um ministro católico, receber os sacramentos da penitência, Eucaristia e Unção dos Enfermos de ministros não-católicos, em cuja Igreja ditos sacramentos existem validamente.

Cânon 924 - § 1. O sacrossanto Sacrifício eucarístico deve ser oferecido com pão e vinho, e a este se deve misturar um pouco de água.
§ 2. O pão deve ser só de trigo e feito recentemente, de modo que não haja perigo algum de deterioração.
§ 3. O vinho deve ser natural, do fruto da videira e não deteriorado.

Cânon 925 - Distribua-se a sagrada comunhão só sob a espécie de pão ou, de acordo com as leis litúrgicas, sob ambas as espécies; mas, em caso de necessidade, também apenas sob a espécie de vinho.

Cânon 927 - Não é lícito, nem mesmo urgindo extrema necessidade, consagrar uma matéria sem a outra, ou mesmo consagrá-las a ambas fora da celebração eucarística.

Cânon 929 - Sacerdotes e diáconos, para celebrarem ou administrarem a Eucaristia, se revistam dos paramentos sagrados prescritos pelas rubricas.

Cânon 931- § 1. A celebração eucarística deve realizar-se em lugar sagrado, a não ser que, em caso particular, a necessidade exija outra coisa; nesse caso, deve-se fazer a celebração em lugar decente.
§ 2. O sacrifício eucarístico deve realizar-se sobre altar dedicado ou benzido; fora do lugar sagrado, pode ser utilizada uma mesa conveniente, mas sempre com toalha e corporal.

Cânon 934 - § 2. Nos lugares em que se conserva a santíssima Eucaristia deve sempre haver alguém que cuide dela e, na medida do possível, um sacerdote celebre missa aí, pelo menos duas vezes por mês.

Cânon 935 - A ninguém é licito conservar a Eucaristia na própria casa ou levá-la consigo em viagens, a não ser urgindo uma necessidade pastoral e observando-se as prescrições do Bispo diocesano.

Cânon 937 - A não ser que obste motivo grave, a igreja em que se conserva a santíssima Eucaristia seja aberta todos os dias aos fiéis, ao menos durante algumas horas, a fim de que eles possam dedicar-se à oração diante do santíssimo Sacramento.

Cânon 938 - § 1. Conserve-se a santíssima Eucaristia habitualmente em um só tabernáculo da igreja ou oratório.
§ 2. O tabernáculo em que se encontra a santíssima Eucaristia esteja colocado em alguma parte da igreja ou oratório que seja insigne, visível, ornada com dignidade e própria para a oração.
§ 3. O tabernáculo em que habitualmente se conserva a santíssima Eucaristia seja inamovível, construído de madeira sólida e não-transparente, e de tal modo fechado, que se evite o mais possível o perigo de profanação.
§ 4. Por motivo grave, é lícito conservar a santíssima Eucaristia, principalmente à noite, em algum lugar mais seguro e digno.
§ 5. Quem tem o cuidado da igreja ou oratório providencie que seja guardada com o máximo cuidado a chave do tabernáculo onde se conserva a santíssima Eucaristia.

Cânon 939 - Conserve-se na píxide ou âmbula hóstias consagradas em quantidade suficiente para as necessidades dos fiéis; renove-se com freqüência, consumindo-se devidamente as antigas.

Cânon 940 - Diante do tabernáculo em que se conserva a santíssima Eucaristia, brilhe continuamente uma lâmpada especial, com a qual se indique e se reverencie a presença de Cristo.

Cânon 943 - Ministro da exposição do santíssimo Sacramento e da bênção eucarística é o sacerdote ou diácono; em circunstâncias especiais, apenas da exposição e remoção, mas não da bênção, é o acólito, um ministro extraordinário da comunhão eucarística, ou outra pessoa delegada pelo Ordinário local, observando-se as prescrições do Bispo diocesano.

O MILAGRE DA MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES


Revista “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
D. Estevão Bettencourt, osb
Revista nº 479, Ano 2002, Pág. 191.




A MULTIPLICAÇÃO  DOS  PÃES:  MILAGRE
OU  SIMPLES  PARTILHA?



Em síntese: O episódio da multiplicação dos pães (Mt 14, 13-21) tem sido ultimamente apregoado não como um feito milagroso de Jesus, mas como a simples partilha dos farnéis existentes na multidão. Tal interpretação não somente não corresponde aos dizeres do texto, mas não é aceita pelos bons exegetas em geral. Trata-se de um fato histórico mila groso, que os evangelistas descrevem como sinal do pão eucarístico e da bonança prometida pelos Profetas para o Reino messiânico.


Na pregação do Evangelho, ouve-se dizer que a multiplicação dos pães não foi um milagre, mas partilha do pão existente no farnel dos ouvintes de Jesus. Visto que tal interpretação tem causado perplexidade, ser-lhe-ão dedicadas as considerações seguintes.

1.           Milagre ou partilha?


Antes do mais, é de notar que o episódio foi muito caro aos antigos. Mateus e Marcos o narram duas vezes; cf. Mt 14,13-21; 15, 29-39 e Mc 6, 30-40; 8, 1-18. São Lucas o refere uma só vez; cf. Lc 9, 10-17. São João também; cf. Jo 6,1-13. Os exegetas atualmente julgam que em Mt e Mc há duplicata do relato do fato, embora leves diferenças existam entre a primeira e a segunda narrativas; trata-se de duas tradições a referir o mesmo feito de Jesus.

Pergunta-se agora: que houve realmente no episódio em foco?

A interpretação tradicional e amplamente majoritária afirma ter havido um milagre: com poucos pães e peixes Jesus saciou milhares de homens. Recentemente começou-se a dizer que não houve milagre, mas Jesus orde nou que os seus ouvintes repartissem entre si as provisões que haviam levado. Tal interpretação carece de fundamento no texto e o violenta, pois o evangelista faz observar que nada havia para comer entre a multidão.

“Chegada a  tarde, aproximaram-se dele os seus discípulos, dizen do: “O lugar é deserto e a hora já está avançada. Despede as multidões para que vão aos povoados comprar alimento para si”. Mas Jesus lhes disse: “Não é preciso que vão embora. Dai-lhes vós mesmos de comer”. Ao que os discípulos responderam: “Só temos aqui cinco pães e dois peixes”.

Jesus então interveio, multiplicando os pães.

O caráter milagroso do episódio é mais realçado na segunda nar rativa. Com efeito; a secção de Mt 15, 29-39 segue-se a um milagre de Jesus: a cura da filha da mulher cananéia (Mt 15, 21-28) e a uma declaração sobre a atividade taumatúrgica de Jesus:
“Vieram até ele numerosas multidões, trazendo coxos, cegos, aleijados, mudos e muitos outros e os puseram a seus pés e ele os curou, de sorte que as multidões ficaram espantadas… E renderam glória ao Deus de Israel” (Mt 15, 29-31).
Jesus mesmo diz logo a seguir:
“Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que está comigo e não tem o que comer. Não quero despedi-la em jejum, de modo que possa desfalecer pelo caminho”.
Na base destas averiguações, não pode restar dúvida de que se trata de um fato histórico e milagroso em Mt 14, 21-32 e paralelos.
Vejamos algumas peculiaridades da narrativa.

2.  Particularidades literárias

O relato da multiplicação dos pães nos quatro Evangelhos não pode deixar de lembrar ao leitor certos antecedentes do Antigo Testamento:
Em 2Rs 4, 42-44 lê-se o seguinte: “Veio um homem de Baal-Salisa e trouxe para o homem de Deus pão das primícias, vinte pães de cevada e trigo novo em espiga. Eliseu ordenou: “Oferece a essa gente para que coma”. Mas o servo respondeu: “Como hei de servir isso para cem pessoas?”. Ele repetiu: “Oferece a essa gente para que coma, pois assim falou o Senhor: “Comerão e ainda sobrará”. Serviu-lhes, eles comeram e ainda sobrou segundo a palavra do Senhor”.
Verifica-se que a estrutura literária é a mesma que em Mt 14, 13-21; são levados a Eliseu alguns pães; o Profeta ordena a seu servo (discípulo) que sacie cem homens; o servo aponta a impossibilidade (como os Apóstolos). Eliseu ignora a objeção e, confiado na Palavra de Deus, manda distribuir o pão. Ficam sobras, como no relato evangélico.
Em Ex 16, 1-36 e Nm 11, 4-9 é narrada a entrega do maná ao povo no deserto, entrega à qual Jesus faz alusão ao prometer o pão eucarístico; cf. Jo 6, 49.
Tais episódios do Antigo e do Novo Testamento não referem apenas uma refeição humana, mas têm significado transcendental: querem dizer que Deus acompanha, ontem e hoje, seu povo peregrino e lhe oferece os subsídios necessários para que supere os obstáculos da caminhada e chegue certeiramente ao termo almejado, que é a vida eterna.
O relato evangélico faz alusões também à Eucaristia, o viático por excelência. Assim
Mt 14, 15: “Ao entardecer” em grego é a fórmula com que é introduzido o relato da última ceia;
Mt 14, 19: “tomou os pães”, “levantou os olhos para o céu”, “abençoou”, “partiu”, “deu aos discípulos” são expressões da última ceia e da posterior celebração eucarística.
Mt 14, 20: a grande quantidade de pão assim doada lembra a fartura prometida pelos Profetas para os tempos messiânicos; cf. Os 14, 8; Is 49, 10; 55, 1…
O recolher os fragmentos que sobram, é usual na celebração eucarística.
Em suma, a ceia de viandantes proporcionada pelo Senhor ao seu povo é prenúncio da ceia plena ou do banquete celeste, símbolo da bem-aventurança definitiva. É neste contexto que há de ser lida a secção de Mt 14, 13-21 e paralelos; na intenção dos evangelistas, ela quer significar o Dom supremo de Deus ao homem, que é o encontro face-a-face na bem-aventurança celeste.

HOUVE MILAGRE NA MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES?


A MULTIPLICAÇÃO  DOS  PÃES:  MILAGRE
OU  SIMPLES  PARTILHA?
Por : D. Estevão Bettencourt



Em síntese: O episódio da multiplicação dos pães (Mt 14, 13-21) tem sido ultimamente apregoado não como um feito milagroso de Jesus, mas como a simples partilha dos farnéis existentes na multidão. Tal interpretação não somente não corresponde aos dizeres do texto, mas não é aceita pelos bons exegetas em geral. Trata-se de um fato histórico mila groso, que os evangelistas descrevem como sinal do pão eucarístico e da bonança prometida pelos Profetas para o Reino messiânico.


Na pregação do Evangelho, ouve-se dizer que a multiplicação dos pães não foi um milagre, mas partilha do pão existente no farnel dos ouvintes de Jesus. Visto que tal interpretação tem causado perplexidade, ser-lhe-ão dedicadas as considerações seguintes.

1.           Milagre ou partilha?


Antes do mais, é de notar que o episódio foi muito caroaos antigos. Mateus e Marcos o narram duas vezes; cf. Mt 14,13-21; 15, 29-39 e Mc 6, 30-40; 8, 1-18. São Lucas o refere uma só vez; cf. Lc 9, 10-17. São João também; cf. Jo 6,1-13. Os exegetas atualmente julgam que em Mt e Mc há duplicata do relato do fato, embora leves diferenças existam entre a primeira e a segunda narrativas; trata-se de duas tradições a referir o mesmo feito de Jesus.

Pergunta-se agora: que houve realmente no episódio em foco?

A interpretação tradicional e amplamente majoritária afirma ter havido um milagre: com poucos pães e peixes Jesus saciou milhares de homens. Recentemente começou-se a dizer que não houve milagre, mas Jesus orde nou que os seus ouvintes repartissem entre si as provisões que haviam levado. Tal interpretação carece de fundamento no texto e o violenta, pois o evangelista faz observar que nada havia para comer entre a multidão.

“Chegada a  tarde, aproximaram-se dele os seus discípulos, dizen do: “O lugar é deserto e a hora já está avançada. Despede as multidões para que vão aos povoados comprar alimento para si”. Mas Jesus lhes disse: “Não é preciso que vão embora. Dai-lhes vós mesmos de comer”. Ao que os discípulos responderam: “Só temos aqui cinco pães e dois peixes”.

Jesus então interveio, multiplicando os pães.

O caráter milagroso do episódio é mais realçado na segunda nar rativa. Com efeito; a secção de Mt 15, 29-39 segue-se a um milagre de Jesus: a cura da filha da mulher cananéia (Mt 15, 21-28) e a uma declaração sobre a atividade taumatúrgica de Jesus:
“Vieram até ele numerosas multidões, trazendo coxos, cegos, aleijados, mudos e muitos outros e os puseram a seus pés e ele os curou, de sorte que as multidões ficaram espantadas… E renderam glória ao Deus de Israel” (Mt 15, 29-31).
Jesus mesmo diz logo a seguir:
“Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que está comigo e não tem o que comer. Não quero despedi-la em jejum, de modo que possa desfalecer pelo caminho”.
Na base destas averiguações, não pode restar dúvida de que se trata de um fato histórico e milagroso em Mt 14, 21-32 e paralelos.
Vejamos algumas peculiaridades da narrativa.

2.  Particularidades literárias

O relato da multiplicação dos pães nos quatro Evangelhos não pode deixar de lembrar ao leitor certos antecedentes do Antigo Testamento:
Em 2Rs 4, 42-44 lê-se o seguinte: “Veio um homem de Baal-Salisa e trouxe para o homem de Deus pão das primícias, vinte pães de cevada e trigo novo em espiga. Eliseu ordenou: “Oferece a essa gente para que coma”. Mas o servo respondeu: “Como hei de servir isso para cem pessoas?”. Ele repetiu: “Oferece a essa gente para que coma, pois assim falou o Senhor: “Comerão e ainda sobrará”. Serviu-lhes, eles comeram e ainda sobrou segundo a palavra do Senhor”.
Verifica-se que a estrutura literária é a mesma que em Mt 14, 13-21; são levados a Eliseu alguns pães; o Profeta ordena a seu servo (discípulo) que sacie cem homens; o servo aponta a impossibilidade (como os Apóstolos). Eliseu ignora a objeção e, confiado na Palavra de Deus, manda distribuir o pão. Ficam sobras, como no relato evangélico.
Em Ex 16, 1-36 e Nm 11, 4-9 é narrada a entrega do maná ao povo no deserto, entrega à qual Jesus faz alusão ao prometer o pão eucarístico; cf. Jo 6, 49.
Tais episódios do Antigo e do Novo Testamento não referem apenas uma refeição humana, mas têm significado transcendental: querem dizer que Deus acompanha, ontem e hoje, seu povo peregrino e lhe oferece os subsídios necessários para que supere os obstáculos da caminhada e chegue certeiramente ao termo almejado, que é a vida eterna.
O relato evangélico faz alusões também à Eucaristia, o viático por excelência. Assim
Mt 14, 15: “Ao entardecer” em grego é a fórmula com que é introduzido o relato da última ceia;
Mt 14, 19: “tomou os pães”, “levantou os olhos para o céu”, “abençoou”, “partiu”, “deu aos discípulos” são expressões da última ceia e da posterior celebração eucarística.
Mt 14, 20: a grande quantidade de pão assim doada lembra a fartura prometida pelos Profetas para os tempos messiânicos; cf. Os 14, 8; Is 49, 10; 55, 1…
O recolher os fragmentos que sobram, é usual na celebração eucarística.
Em suma, a ceia de viandantes proporcionada pelo Senhor ao seu povo é prenúncio da ceia plena ou do banquete celeste, símbolo da bem-aventurança definitiva. É neste contexto que há de ser lida a secção de Mt 14, 13-21 e paralelos; na intenção dos evangelistas, ela quer significar o Dom supremo de Deus ao homem, que é o encontro face-a-face na bem-aventurança celeste.


Revista “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
D. Estevão Bettencourt, osb
Revista nº 479, Ano 2002, Pág. 191.









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