Jesus o Bom Pastor

Jesus o Bom Pastor

08 setembro 2010

Pontos básicos da moral católica – III

 Controle da natalidade – contracepção - método natural
Com base na Encíclica do Papa Paulo VI (1967), a Igreja ensina que:  – “A continência periódica, os métodos de regulação da natalidade baseados na auto-observação e nos recursos aos períodos infecundos (HV 16) estão de acordo com os critérios objetivos da moralidade. Estes métodos respeitam os corpos dos esposos, animam a ternura entre eles e favorecem a educação de uma liberdade autêntica. Em compensação, é intrinsecamente má “toda ação que, ou em previsão do ato conjugal, ou durante a sua realização, ou também durante o desenvolvimento de suas conseqüências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar possível a procriação.” (HV, 14)
O Concilio Vaticano II se debruçou sobre o assunto e ensinou o seguinte: Por razões justas (GS 50), os esposos podem querer espaçar os nascimentos de seus filhos. Cabe-lhes verificar que seu desejo não provém  do egoísmo mas está de acordo com a justa generosidade de uma paternidade responsável. Além disso regularão seu comportamento segundo os critérios objetivos da moral.
A moralidade da maneira de agir, quando se trata de harmonizar o amor conjugal com a transmissão responsável da vida, não depende apenas da intenção sincera e da reta apreciação dos motivos, mas deve ser determinada segundo critérios objetivos tirados da natureza da pessoa e de seus atos, critérios esse que respeitam o sentido integral da doação mútua e da procriação humana no contexto do verdadeiro amor. Tudo isso é impossível se a virtude da castidade conjugal não for cultivada com sinceridade (GS 51,3).
A Humanae Vitae conclui que: “Salvaguardando esses dois aspectos essenciais, unitivo e procriativo, o ato sexual conserva integralmente o sentido de amor mútuo e verdadeiro e sua ordenação para a altíssima vocação do homem para a paternidade” (HV 12).
O Catecismo diz que  – “A regulação da natalidade representa um dos aspectos da paternidade e da maternidade responsáveis. A legitimidade das intenções dos esposos não justifica o recurso a meios moralmente inadmissíveis (por exemplo, a esterilização direta ou a contracepção)”. (§2399)
Eutanásia
“Aqueles cuja vida está diminuída ou enfraquecida necessitam de um respeito especial. As pessoas doentes ou deficientes devem ser amparadas para levarem uma vida tão normal quanto possível. §2276
Sejam quais forem os motivos e os meios, a eutanásia direta consiste em pôr fim à vida de pessoas deficientes, doentes ou moribundas. É moralmente inadmissível” (Cat. §2277)
A Congregação da Fé ensinou que: “uma ação ou uma omissão que, em si ou na intenção, gera a morte a fim de suprimir a dor, constitui um assassinato gravemente contrário a dignidade da pessoa humana e ao respeito  pelo Deus vivo, seu Criador. O erro de juízo no qual se pode ter caído de boa-fé não muda a natureza deste ato assassino, que sempre deve ser proscrito e excluído” (SDF, decl. Iura et bona, 1980)..
O Catecismo esclarece que - “A interrupção de procedimentos médicos onerosos, perigosos, extraordinários ou desproporcionais aos resultados esperados pode ser legítima. É a rejeição da “obstinação terapêutica”. Não se quer dessa maneira provocar a morte; aceita-se não pode impedi-la. As decisões devem ser tomadas pelo paciente, se tiver a competência e a capacidade para isso; caso contrário, pelos que  têm direitos legais, respeitando sempre a vontade razoável e os interesses legítimos do paciente”. (§2278)
“Mesmo quando a morte é considerada iminente, os cuidados comumente devidos a uma pessoa doente não podem ser legitimamente interrompidos. O emprego de analgésicos para aliviar  os sofrimentos do moribundo, ainda que o risco de abreviar seus dias, pode ser moralmente conforme à dignidade humana se a morte não é desejada, nem como fim nem como meio, mas somente prevista e tolerada como inevitável. Os cuidados paliativos constituem uma forma privilegiada de caridade desinteressada. Por esta razão devem ser encorajados”. (§2279)
Embrião humano
A Instrução “Donum Vitae” diz que – “A vida humana deve ser respeitada e protegida de maneira absoluta a partir do momento da concepção. Desde o primeiro momento de sua existência, o ser humano deve ver reconhecidos os seus direitos de pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo ser inocente à vida” (CDF, instr. DV 1,1; §2270). Pois, antes mesmo de te formares no ventre materno eu te conheci; antes que saísses do seio, eu te consagrei (Jr 1,5; Jó 10,8-12; Sl 22,10-11). Meus ossos não te foram escondidos quando eu era feito, em segredo, tecido na terra mais profunda (Sl 139,15).
Portanto, ensina a Igreja que: visto que deve ser tratado como um pessoa desde a concepção, o embrião deverá ser defendido em sua integridade, cuidado e curado, na medida do possível, como qualquer outro ser humano.
O diagnóstico pré-natal é moralmente lícito “se respeitar a vida e a integridade do embrião e do feto humano, e se está orientado para sua salvaguarda ou a sua cura individual… Está gravemente em oposição com a lei moral quando prevê, em função dos resultados, a eventualidade de provocar um aborto. Um diagnóstico não deve ser o equivalente de uma sentença de morte”. (CDF, const. Donum vitae,3;
“Devem ser consideradas como lícitas as intervenções sobre o embrião humano quando respeitarem a vida e a integridade do embrião e não acarretarem  para ele riscos desproporcionados, mas visem à sua cura, à melhora de suas condições de saúde ou à sua sobrevivência individual”. (idem, 1,3)
“É imoral produzir embriões humanos destinados a serem explorados como material biológico disponível”. (Ibidem, 1,5)
“Certas tentativas de intervenção sobre o patrimônio cromossômico ou genético não são terapêuticas mas tendem à produção de seres humanos selecionados segundo o sexo e outras qualidades preestabelecidas. Essas manipulações são contrárias à dignidade pessoal do ser humano, à sua integridade e à sua identidade” única, não reiterável. (ibidem, 1,6; §2275)
Esterilidade
“As pesquisas que visam a diminuir a esterilidade humana devem ser estimuladas, sob a condição de serem colocadas “a serviço da pessoa humana, de seus direitos inalienáveis, de seu bem verdadeiro e integral, de acordo com o projeto e a vontade de Deus (ibidem).
Homossexualidade
Ensina o Catecismo que: - “A homossexualidade designa as relações entre homens e mulheres que sentem atração sexual, exclusiva ou predominante , por pessoas do mesmo sexo. A homossexualidade se reveste de formas muito variáveis ao longo dos séculos e das culturas. A sua gênese psíquica continua amplamente inexplicada. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves (Gn 19,1-29; Rm 1,24-27; 1Cor 6,9-10; 1Tm 1,10), a tradição sempre declarou que “os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados” (CDF, decl. Persona humana, 8). São contrários à lei natural. Fecham o ato sexual ao dom da vida. Não procedem de uma complementaridade afetiva e sexual verdadeira. Em caso algum podem ser aprovados” (§2357).
Masturbação
A Declaração “Persona Humana”, da Congregação da Fé, diz que – “Na linha de uma tradição constante, tanto o magistério da Igreja como o senso moral dos fiéis afirmaram sem hesitação que a masturbação é um ato intrínseca e gravemente desordenado”. Qualquer que seja o motivo, o uso deliberado da faculdade sexual fora das relações conjugais normais contradiz sua finalidade. Aí o prazer sexual é  buscado fora da “relação exigida pela ordem moral, que realiza, no contexto de um amor verdadeiro, o sentido integral da doação mútua e da procriação humana” (n. 9).
E o Catecismo ensina que: - “Para formar um justo juízo sobre a responsabilidade moral dos sujeitos e orientar a ação pastoral, se deverá levar em conta a imaturidade afetiva, a força dos hábitos contraídos, o estado de angústia ou outros fatores psíquicos ou sociais que minoram ou deixam mesmo extremamente atenuada a culpabilidade moral”. (§2352)
“Entre os pecados gravemente contrários à castidade é preciso citar a masturbação, a fornicação, a pornografia e as práticas homossexuais”. (§2396)
O Catecismo da Igreja elenca uma série de itens que se referem à moral católica e que fazem parte da Lei Natural que Deus colocou no coração de todos os homens de todos dos tempos e lugares. Vejamos alguns deles:
Inseminação artificial
Com base na Instrução “Donum vitae”, de 1983, de Congregação da Fé, o Catecismo ensina que “As técnicas que provocam uma dissociação do parentesco, pela intervenção de uma pessoa estranha ao casal (doação de esperma ou de óvulo, empréstimo de útero), são gravemente desonestas. Estas técnicas (inseminação e fecundação artificiais heterólogas) lesam o direito da criança de nascer de um pai e uma mãe conhecidos dela e ligados entre si pelo casamento. Elas traem “o direito exclusivo de se tornar pai e mãe somente um através do outro” (CDF, instr. DV, 2,1; §2376).
“Praticadas entre o casal, essas técnicas (inseminação e fecundação artificiais homólogas) são talvez menos claras a um juízo imediato, mas continuam moralmente inaceitáveis. Dissociam o ato sexual do ato procriador. O ato fundante da existência dos filhos já não é um ato pelo qual duas pessoas se doam uma à outra, mas um ato que “remete a vida e a identidade do embrião para o poder dos médicos e biólogos, e instaura um domínio da técnica sobre a origem e a destinação da pessoa humana. Uma tal relação de dominação é por si contrária à dignidade e à igualdade que devem ser comuns aos pais e aos filhos” (CDF, instr. DV, II,741,5). “A procriação é moralmente privada de sua perfeição própria quando não é querida como o fruto do ato conjugal, isto é, do gesto específico da união dos esposos… Somente o respeito ao vínculo que existe entre os significados do ato conjugal e o respeito pela unidade do ser humano permite uma procriação de acordo com a dignidade da pessoa” (CDF, instr. DV, II,4; Cat. §2377).
Moribundos - morte iminente
A respeito daqueles eu estão no limiar da morte, a Igreja ensina que: “Mesmo quando a morte é considerada iminente, os cuidados comumente devidos a uma pessoa doente não podem ser legitimamente interrompidos. O emprego de analgésicos para aliviar os sofrimentos do moribundo, ainda que com risco de abreviar seus dias, pode ser moralmente conforme à dignidade humana se a morte não é desejada, nem como fim nem como meio, mas somente prevista e tolerada como inevitável. Os cuidados paliativos constituem uma forma privilegiada de caridade desinteressada. Por esta razão devem ser encorajados”. (Cat.§2279)
Pesquisa Científica
A Igreja, em  todos os tempos sempre foi a favor do desenvolvimento da Ciência, e sempre foi a sua grande promotora. Entre outras coisas ela ensina que:
“As experiências científicas, médicas ou psicológicas em pessoas ou grupos humanos podem concorrer para a cura dos doentes e para o progresso da saúde pública” (§2292)
“A pesquisa científica de base, como a pesquisa aplicada, constituem uma expressão significativa do domínio do homem sobre a criação. A ciência e a técnica são recursos preciosos que são colocados a serviço do homem e promovem o desenvolvimento integral em benefício de todos; contudo não podem indicar sozinhas o sentido da existência e do progresso humano. A ciência e a técnica estão ordenadas para o homem, do qual provêm a sua origem e crescimento; portanto, encontram na pessoa e em seus valores morais a indicação de sua finalidade e a consciência de seus limites” (§2293).
“As pesquisas ou experiências no ser humano não podem legitimar atos em si mesmos contrários à dignidade das pessoas e à lei moral. O consentimento eventual dos sujeitos não justifica tais atos. A experiência em seres humanos não é moralmente legítima se fizer a vida ou a integridade física e psíquica do sujeito correrem riscos desproporcionais ou evitáveis. A experiência em seres humanos não atende aos requisitos da dignidade da pessoa se além disso ocorrer sem o consentimento explícito do sujeito ou de seus representantes legais” (§2295)
“A autópsia de cadáveres pode ser moralmente admitida por motivos de investigação legal ou de pesquisa científica. A doação gratuita de órgãos após a morte é legítima e pode ser meritória.
A Igreja permite a incineração se esta não manifestar uma posição contrária à fé na ressurreição dos corpos” (CDC, cân. 1176,3; §2301).
“O transplante de órgãos não é moralmente aceitável se o doador ou seus representantes legais não deram para isso explícito consentimento. O transplante de órgãos é conforme à moral e pode ser meritório se os perigos e os riscos físicos e psíquicos a que se expõe o doador são proporcionais ao bem que se busca no destinatário. É moralmente inadmissível provocar diretamente a mutilação que venha a tornar alguém inválido ou a morte de um ser humano, mesmo que seja para retardar a morte de outras pessoas” (§2296).
A Igreja valoriza a ciência em todas as suas áreas, mas não se cansa de afirmar que nem tudo que é possível à ciência e à tecnologia realizarem é ético e moral. O parâmetro de discernimento da Igreja é a Lei Natural que Deus colocou de forma permanente e universal nos corações e nas consciências das pessoas.
Para a Igreja o que não é natural não é moral, e deve ser evitado. Especialmente quando a dignidade da vida humana está em jogo, a Igreja levanta a voz, em nome de Deus, para dizer ao homem que tenha prudência.     O Catecismo da Igreja afirma no §2294, que: “É ilusório reivindicar a neutralidade moral da pesquisa científica e de suas aplicações…”
A Igreja sempre estimulou os estudiosos a procurarem pela ciência ajudar a vida do homem na terra. Mas o Cristianismo tem uma escala de valores onde o homem, por ser  imagem e semelhança de Deus, ocupa um lugar especial, não podendo ser equiparado, em dignidade, a nenhum outro ser vivo. Assim, os resultados da ciência devem servir ao homem e respeitar a sua dignidade. Assim, a Igreja defende que a vida humana é um dom de Deus, sobre o qual o cientista não têm domínio absoluto; ela deve nascer e desenvolver-se não em laboratório, nem como fruto de recursos técnicos, mas como fruto direto do relacionamento pessoal entre esposo e esposa.
O desejo do progresso da ciência parece às vezes  insaciável a alguns homens e mulheres de hoje. Em parte, o orgulho humano, o desejo de ser Prometeu (um rival de Deus) está na base de muitas tentativas da ciência sem compromisso com a  consciência moral. A ciência e a técnica não são fins; são meios para engrandecer o homem, para que ele viva melhor, mas a ciência e a técnica não podem servir ao orgulho ou deleite do pesquisador, ou mesmo ser fonte de enriquecimento, em prejuízo para a dignidade do homem. A ciência deve trabalhar para o homem, e não contra o homem.
O emprego da ciência contra o homem tem sua causa no abandono de Deus. Michel Foucault, conhecido filósofo, observa que a “morte de Deus” gera a morte do homem: “Em nossos dias… não é tanto a ausência ou a morte de Deus que é afirmada, mas o fim do homem…; descobre-se então que a morte de Deus e o último homem estão estreitamente ligados” (Les mots et les choses 1967, p. 369).
Um personagem de Dostoiewisky, no livro “Irmãos Karamazov”, declara que “se Deus não existe, tudo é permitido”, pois a morte põe fim a tudo. A sociedade atual, que quer negar Deus, vive, neste triste ambiente, de desconfiança, insegurança, egoísmo e desespero, desembocando, na violência, nas drogas, nos desvios sexuais, na desesperança, e no  profundo vazio existencial que leva à depressão.
A ciência moderna é produto genuíno de uma visão judaico-cristã do mundo e tem sua fonte de inspiração na Bíblia.
A visão pagã do mundo é a de um escravizante ciclo de nascimento-morte-renascimento, sem início nem fim, uma visão cíclica, onde a ciência não conseguia fazer progresso. Foi justamente a visão do cosmos, progressiva, derivada da doutrina cristã, que deu margem ao crescimento da ciência.
Paulo VI afirmou que “a ciência é soberana em seu campo, mas escrava com respeito ao homem”. Por isso, devemos rejeitar a noção falsa de uma ciência livre dos valores morais, ou a neutralidade moral da investigação científica e de suas aplicações.
Para que o leitor conheça alguns posicionamentos da Igreja no campo Moral, apresento em seguida alguns itens do Catecismo da Igreja Católica sobre este assunto.
O filósofo romano Cícero já dizia, e sua República,  que: “Existe sem dúvida uma verdadeira lei: é a reta razão. Conforme à natureza, difundida em todos os homens, ela é imutável e eterna; suas ordens chamam ao dever; suas proibições afastam do pecado.(…) É um sacrilégio substituí-la por uma lei contrária; é proibido não aplicar uma de suas disposições; quanto a ab-rogá-la inteiramente, ninguém tem a possibilidade de fazê-lo” (Rep. 3, 22, 33) .
A Igreja não tem dúvida em afirmara que: “A lei natural é imutável, permanece através da história. As regras que a exprimem são substancialmente sempre válidas. Ela é uma base necessária para a edificação das regras morais e para a lei civil(§1979). Esta Lei, que de modo especial está retratada nos Dez Mandamentos, exprime o sentido moral original, que permite ao homem discernir, pela razão, o que é o bem e o mal, a verdade e a mentira.
Como disse o Papa Leão XIII: “A lei natural se acha escrita e gravada na alma de todos e cada um dos homens porque ela é a razão humana ordenando fazer o bem e proibindo pecar. (…) Mas esta prescrição da razão não poderia ter força de lei se não fosse a voz e o intérprete de uma razão mais alta, a qual nosso espírito nossa liberdade devem submeter-se” (Leão XIII, enc. Libertas praestantissimum).
São Tomás de Aquino dizia que:  “A lei natural outra coisa não é senão a luz da inteligência posta em nós por Deus. Por ela conhecemos o que se deve fazer e o que se deve evitar. Esta luz ou esta lei, deu-a Deus à criação” (Decem praec. 1).     Com base nisso a Igreja ensina que: “Presente no coração de cada homem e estabelecida pela razão, a lei natural é universal em seus preceitos, e sua autoridade se estende a todos os homens. Ela exprime a dignidade da pessoa e determina a base de seus direitos e de seus deveres fundamentais (Cat.  §1956).
Santo Agostinho exclamava: “O roubo é certamente punido por vossa lei, Senhor, e pela lei escrita no coração do homem e que nem mesmo a iniqüidade consegue apagar” (Confissões, 2,4,9).     Portanto, há uma lei natural imutável (GS,10) e permanente através das variações da história. As regras que a exprimem permanecem substancialmente válidas. Mesmo que alguém negue até os seus princípios, não é possível destruí-la nem arrancá-la do coração do homem; é obra do Criador, e que fornece os fundamentos sólidos em cima dos quais pode o homem construir o edifício das regras morais que orientarão suas opções.
Com base na lei natural São Tomás dizia que: “Não se pode justificar uma ação má, embora feita com boa intenção” (Decem. prec. 6). O fim não justifica os meios. O ato moralmente bom supõe, ao mesmo tempo, a bondade do objeto, da finalidade e das circunstâncias.
Assim, a Igreja, “coluna e sustentáculo da verdade” (1Tm 3,15), recebeu dos Apóstolos o mandamento de Cristo de pregar a verdade da salvação. Por isso, diz o Código de Direito Canônico:  “Compete à Igreja anunciar sempre e por toda parte os princípios morais, mesmo referentes à ordem social, e pronunciar-se a respeito de qualquer questão humana, enquanto o exigirem os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas” (cân. 747,2)
Alguns leitores têm nos perguntado como interpretar o §2266 do Catecismo da Igreja que fala sobre a pena de morte e afirma: “… o ensinamento tradicional da Igreja reconheceu como fundamentado o direito e o dever da legítima autoridade pública de infligir penas proporcionadas à gravidade dos delitos, sem excluir, em caso de extrema gravidade, a pena de morte. ”  
A Igreja, na prática, é contra a pena de morte; tanto assim que a cada caso de condenação nos EUA, o Papa pede clemência; aliás, tem pouco adiantado.
 Como S. Tomás de Aquino a aceitava, em casos raros, na Idade Média, a Igreja não fechou a porta definitivamente para a possibilidade dela ser usada em “um caso de extrema gravidade”. Esse caso de “extrema gravidade” seria por exemplo  comparado à legítima defesa, onde a sociedade não tivesse como se livrar do perigo de um assassino,  de forma alguma, nem pela prisão perpétua. Na prática, isto parece não mais existir; especialmente por causa dos presídios de segurança máxima;  o que faz a Igreja ser,  na prática contra  a pena de morte.
Uma prova clara disso, foi que quando da pena de morte aplicada a Sadam Hussein, o Vaticano foi contra a sua execução. A fonte de noticias www.acidigital noticiou o seguinte:
VATICANO, 2006-12-30 (ACI).- A Santa Sé reagiu ao anúncio da aplicação da pena capital ao ex-presidente do Iraque,  Saddam Hussein, mediante um comunicado do Diretor da Sala de Imprensa,  Pe.  Federico Lombardi, S.J., quem reiterou a posição da Igreja contra a pena de morte e auspiciou o início de um tempo de reconciliação e paz para o país.
“Uma execução capital é sempre  uma notícia trágica, motivo de  tristeza,  inclusive quando este foi culpado de graves delitos”, diz a nota do Pe. Lombardi.“A posição da Igreja católica,  contrária à  pena de morte, foi várias vezes reiterada”.
“A morte do culpado não é o caminho para reconstruir a Justiça e reconciliar à sociedade. Existe, pelo contrário,  o perigo de que isto alimente o desejo de vingança e se semeie nova  violência”, adiciona.O exposto acima deixa claro que a Igreja Católica é contra a pena de morte.
Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br 
  

    
   Cardeal D. Eugenio de Araújo Sales
Arcebispo Emérito da Arquidiocese do Rio de Janeiro24/08/2007 
Há crises que surgem inesperadamente mas são passageiras. Outras, não. São duradouras e os males, profundos. As primeiras são superficiais. Entretanto, quando irrompem em conseqüência da fragilidade do corpo social, afetam os alicerces da sociedade.

O Brasil está imerso – e profundamente – em algumas situações que atingem o âmago da nacionalidade. Uma afeta a preservação da intocabilidade da vida e gera uma variedade de crimes contra a lei de Deus. Pode ser sintetizada no aborto e nas atitudes congêneres. A seguir a corrupção administrativa e assemelhados. Ambas surgem da ausência de Deus, do repúdio à Lei divina. Em outras palavras, o homem se coloca no lugar de Deus, com as conseqüências daí decorrentes.
 No Brasil, ao lado de passos agigantados na direção do progresso, tomado como um todo, emergem notícias inquietantes que revelam a fragilidade por falta de alicerces éticos. A crise aguda foi precedida pelo anúncio de medidas que, se aprovadas, subtrairiam ao plano divino o arbítrio do homem: dentre estas, encontramos a descriminalização do aborto e a antecipação da morte do ancião, a união de homossexuais, entre outras. O ser humano tenta ocupar indevidamente o lugar do Criador.
O terremoto a que estamos assistindo no campo da política e a má utilização do dinheiro das entidades governamentais são conseqüências da degeneração do tecido formado pelos valores morais e éticos. Recordemos a enxurrada de fatos reveladores de uma grave situação nacional.
Em 1979, em Puebla, na 4ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, o documento conclusivo (nº 507-509) já advertia para os males que hoje afligem a sociedade e, de modo particular, o Brasil. Em nossos países “se experimenta o peso da crise institucional e econômica e claros sintomas de corrupção e violência. Esta é gerada e fomentada tanto pelas injustiças (…) como pelas ideologias que se convertem em meio para a conquista do poder”.
Na publicação do “Compêndio da Doutrina Social da Igreja”, obra tão recente como importante, elaborada pelo Pontifício Conselho  Justiça e Paz, lemos: “A relação entre moral e economia é necessária e intrínseca: atividade econômica e comportamento moral se compenetram intimamente”(nº 331). E no nº 332: “A dimensão moral da economia (…) constitui um fator de eficiência social da própria economia”.
No atual momento da vida brasileira é lamentável constatar-se tanto a corrupção administrativa como a falta de pudor na vida social e privada. Ambas formam um círculo vicioso. A malversação do dinheiro público destrói o próprio sentido da moral e, em conseqüência, atinge as estruturas familiares e a consciência do indivíduo. O respeito que se deve à Nação pede o castigo dos culpados. Ao lado da crise política assistimos ao avanço do roubo, da violência,  da pornografia e ao desrespeito às crenças religiosas. Uma eficiente e maléfica atuação junto à opinião pública inibe os poderes constituídos, que já não ousam vetar as ofensas à Moral no campo dos espetáculos, das novelas e filmes. Para isso, confundem habilmente, através de um falso conceito de arte, a liberdade de manifestar as próprias convicções com o vilipêndio de valores éticos. Isto faz lembrar a insensatez de alguém, infectado por grave moléstia de fácil contágio, que exigisse – em nome de seu direito de ir e vir – misturar-se à multidão, apesar da certeza da transmissão da doença. Assim, pessoas deformadas no seu caráter, a quem apraz instilar seu mal, levam ao ridículo orientações, pessoas e objetos aceitos por outros membros da coletividade como sagrados e merecedores de respeito. Há os que ofendem até o Senhor Jesus, em livros ou programas televisivos.
Na homilia pronunciada na missa “Pro eligendo Romano Pontifici”, imediatamente antes de ser dado início ao último Conclave, o então Cardeal Decano do Colégio dos Cardeais, Joseph Ratzinger, hoje Bento XVI, abordou um assunto de grande importância, não só para o mundo, mas, de modo particular, para a nossa situação atual no Brasil. Na ocasião, afirmou:
 “Quantos ventos de doutrina conhecemos nestes últimos decênios, quantas correntes ideológicas, quantas modas do pensamento (…). A pequena barca do pensamento de muitos cristãos foi muitas vezes agitada por estas ondas, lançada de um extremo ao outro: do marxismo ao liberalismo, até à libertinagem, ao coletivismo radical; do ateísmo a um vago misticismo religioso; do agnosticismo ao sincretismo e por aí adiante. Cada dia surgem novas seitas e realiza-se quanto diz São Paulo acerca do engano dos homens, da astúcia que tende a levar ao erro (cf. Ef 4,14). Ter uma fé clara, segundo o Credo da Igreja, muitas vezes é classificado como fundamentalismo. Enquanto o relativismo, isto é, deixar-se levar “aqui e além por qualquer vento de doutrina”, aparece como a única atitude à altura dos tempos hodiernos. Vai-se constituindo uma ditadura do relativismo que nada reconhece como definitivo e que deixa como última medida apenas o próprio eu e as suas vontades”.
E acrescentou: “Ao contrário, nós temos outra medida, o Filho de Deus, o verdadeiro homem. É Ele a medida do verdadeiro humanismo. “Adulta” não é uma fé que segue as ondas da moda e a última novidade; adulta e madura é uma fé profundamente radicada na amizade com Cristo. É esta amizade que nos abre a tudo o que é bom e nos dá o critério para discernir entre verdadeiro e falso, entre engano e verdade. Devemos amadurecer esta  fé e assim guiar o rebanho de Cristo. E é esta fé, só esta fé que gera unidade e se realiza na caridade”.
Na homilia da missa do início de seu ministério de Pastor supremo da Igreja, no dia 24 de abril de 2005, o Santo Padre Bento XVI disse o seguinte: “Quero retornar a 22 de outubro de 1978, quando o Papa João Paulo II iniciou o seu ministério, aqui na Praça de São Pedro. Ainda e continuamente ressoam em meus ouvidos suas palavras de então: ‘Não temais! Abri, de par em par, as portas para Cristo!’”

Tanto o que estamos vendo nestes dias, em matéria de suborno e congêneres, como as notícias sobre supressão da vida do nascituro, o abortamento, nascem e se fortificam na mesma fonte. A raiz de um e outro é o relativismo. Que Deus ilumine os homens que nos governam e sejam fiéis ao rumo dado por São Paulo aos Efésios (4,14-16). Para combater o mal, faz-se mister uma vida cristã autêntica. A figura de Jesus Cristo nos fortalece nesses momentos de crise. O cristão deve alimentar a esperança.  Você sabe o que é Objeção de Consciência?

A faculdade mais importante que Deus deu ao homem é a sua consciência. É o lugar sagrado onde a pessoa se encontra a sós com ela mesma, e na presença de Deus. E a consciência diz a cada homem, independente de raça, nação, país ou época: “evite o mal, faça o bem”. É o que a filosofia chama de “direito natural”.Por isso, nenhuma sociedade pode impor algo ao indivíduo se isto for contra a sua  consciência; pois violentar a consciência de uma pessoa é a maior agressão que ela pode sofrer.  
Algo muito especial está ocorrendo na Espanha. O governo socialista e ateu de José Zapatero, quer impor às escolas do país uma disciplina obrigatória chamada “Educação para a Cidadania”, que violenta a moral e a consciência dos alunos e pais católicos. Por causa disso um belo movimento está surgindo em defesa da objeção de consciência por aqueles que não aceitam essa imposição indevida do estado espanhol, que tem tentado implantar um doentio laicismo, que acima de tudo quer fazer desaparecer o  catolicismo.  
A fonte de notícias Acidigital.com, em 21 de julho 2007, noticiou que um Colégio inteiro exerce seu direito à objeção de consciência ante a disciplina “Educação para a Cidadania”. O Observatório para a Objeção de Consciência (OOC) informou que todos os pais e mães de família do Colégio “Mater Salvatoris” apresentaram no total 841 objeções de consciência diante da citada disciplina, porque atenta contra a formação moral de suas filhas. 
Nesse sentido, o Presidente do Foro Espanhol da Família (FEF), Benigno Blanco, informou que em julho “seguiram chegando ao FEF notificações de novas objeções de consciência frente à disciplina. Já é este o movimento de objeção de consciência mais numeroso da história européia depois da objeção frente ao serviço militar”. 
O Foro Espanhol da Família (FEF), entidade membro do OOC, aconselhou aos pais de família objetar de consciência a disciplina porque contém objetivos, matérias e critérios de avaliação que afetam a formação moral dos alunos e os introduz na “peculiar visão ética da pessoa e da afetividade” dos governantes do momento.  
O FEF recordou que decidir como se deve educar os filhos é um direito que só os pais possuem e que está garantido pela Constituição. 
Do mesmo modo, afirmou que a objeção de consciência é um direito constitucional que permite defender os filhos “da contaminação ideológica por parte de estranhos”; já que com isso “um cidadão pode negar-se legitimamente a cumprir um mandato ou norma jurídica quando entra em conflito com as próprias convicções de consciência”. Explicou que não é uma desobediência à Lei, mas sim o exercício de um direito. 
Por outro lado, em sua habitual carta semanal, o Arcebispo de Valência, Dom Agustín García-Gasco, destacou, em 20-07-2007, que “os que sustentam o absolutismo do Estado na educação se situam fora do contexto constitucional e contra os direitos fundamentais”. 
Quem desejar se inteirar melhor sobre a Objeção de Consciência, pode ver o site: www.objetamos.com






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